Empreendedor individual ganha novo impulso no País
Com mudanças no portal, programa passa a receber cerca de 3 mil adesões por dia
Em vigor há sete meses, o programa microempreendedor individual (MEI),  lançado pelo governo federal para estimular a formalização de  trabalhadores autônomos, começa, enfim, a engrenar. A média de três mil  cadastros por semana registrada até janeiro saltou para três mil por dia  em fevereiro. A meta é ultrapassar um milhão de formalizações até o fim  do ano. 
O programa ganhou força com a reestruturação do portal  do empreendedor. A versão 2.0 entrou no ar no último dia 8. Até então, o  cadastro pela internet estava disponível apenas no Distrito Federal e  em outros oito Estados brasileiros, entre eles São Paulo e Minas Gerais.  Agora, o sistema tem abrangência nacional. A demora para ampliar o  acesso de outros Estados ocorreu, segundo o governo federal, porque a  maioria dos municípios não conseguiu se adequar a tempo às normas da  Receita Federal. 
Nas últimas semanas, o portal, que era um teste  de persistência aos candidatos à formalização, ficou mais simples. Em  apenas uma tela, o empreendedor informa RG, CPF e CEP, nacionalidade,  data de nascimento, endereço e o código da Classificação Nacional de  Atividade Econômica. Tudo é feito online e a autorização sai  imediatamente, sem necessidade de deslocamento. O sistema antigo exigia o  preenchimento de 41 informações em 40 telas diferentes, uma para cada  órgão que integra o processo. O microempresário também tinha de imprimir  um protocolo e levá-lo, pessoalmente, à Junta Comercial. 
O  escritor Kadu Lago , de 33 anos, quase desistiu. Ele calcula ter perdido  duas semanas do mês de dezembro tentando se tornar um microempresário.  "Não faço ideia de quantas vezes tive meu CPF bloqueado pela quantidade  de tentativas frustradas que cheguei a fazer", conta. No fim do ano  passado, depois de centenas de formulários preenchidos e repreenchidos,  Lago foi aconselhado a esperar pelo novo site. "Deu certo, mas não foi  na primeira nem na décima tentativa que consegui." 
Superados os  momentos de fúria em frente ao computador, Lago, agora com CNPJ, faz  planos para seu empreendimento. Com a formalização, ele pretende  oferecer um serviço mais completo aos clientes e, claro, expandir os  rendimentos. O escritor faz biografias encomendadas por anônimos que,  provavelmente, jamais teriam suas histórias contadas se não pagassem por  isso. Lago apenas escreve o texto. Editar o livro era um custo  impensável como pessoa física. Mas, no portal, ele criou um selo  editorial e agora pode dar suporte ao cliente até a noite de autógrafos.  
O escritor está entre os 30.322 autônomos que se formalizaram  entre os dias 8 de fevereiro e sexta-feira passada, já com o site novo.  De acordo com o balanço geral do programa, desde julho do ano passado  foram registrados 168 mil cadastros - o que representa 17% da meta de 1  milhão de formalizações previstas até dezembro. 
O secretário de  Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e  Comércio Exterior, Edson Lupatini Júnior, diz que o número será atingido  com facilidade e talvez seja até ultrapassado. "Com as mudanças, essa  será uma meta muito tranquila de cumprir." 
Para o presidente do  Sindicato dos Contabilistas de São Paulo, José Heleno Mariano, só será  possível impulsionar a adesão ao programa com mais divulgação - que, por  enquanto, tem deixado a desejar. "A informação não chega aos mais  interessados", diz. Sebrae e governo federal prometem campanhas  nacionais a partir de março. O que há, por enquanto, é uma ação de  merchandising em novela da rede Globo: uma sacoleira vivida pela atriz  Heloísa Périssé tornou-se empreendedora individual.
 
 