Nova opção para FGTS deve render mais
Se passar no Senado, trabalhador poderá investir até 30% de sua conta no FGTS em fundo para financiar obras de infraestrutura
JULIANNA SOFIA
O governo espera que os trabalhadores invistam R$ 5 bilhões de seus recursos  depositados no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) no fundo que reúne  obras de infraestrutura do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O valor  seria alcançado com a ampliação de 10% para até 30% no limite que os cotistas  podem aplicar no Fundo de Infraestrutura, o FI-FGTS.
O investimento no fundo  surge como promessa de um bom negócio para o trabalhador. A rentabilidade média  dos projetos que compõem a carteira do FI é hoje de 9% ao ano. O rendimento  garantido nas contas do FGTS é de 3% ao ano, mais TR (Taxa Referencial) -o que  seria próximo de 4,5% ao ano.
O novo limite de aplicação no FI foi incluído  por deputados, após negociação com a Caixa Econômica Federal, durante votação de  uma medida provisória nesta semana na Câmara.
O texto foi aprovado e agora  segue para o Senado. Depois precisará ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio  Lula da Silva para virar lei.
A lei que criou o FI-FGTS já previa a  possibilidade de o trabalhador entrar nesse investimento. Desde o ano passado, o  governo vem trabalhando na definição das regras para participação dos cotistas  do FGTS.
A previsão é de que o modelo fique pronto ainda neste ano para que  as normas sejam divulgadas ao investidor.
"Estamos trabalhando firmemente  para sair ainda neste ano. O modelo está em fase final. Será uma forma de  aumentar a remuneração do trabalhador", declarou o vice-presidente de fundos da  Caixa, Wellington Moreira Franco.
Técnicos envolvidos na formatação avaliam,  no entanto, que será difícil lançar o programa ainda em 2009 devido à  complexidade do investimento. O modelo estabelecerá regras de entrada e saída  para o trabalhador, prazo de permanência na aplicação, entre outros  detalhes.
Apesar da atratividade do negócio, o governo estima que os  titulares de menos de 2% das 81 milhões de contas do FGTS entrem no FI-FGTS.  Isso porque 90,5% das contas têm saldo abaixo de R$ 4.650.
Apenas 2,6% das  contas têm depósitos que somam R$ 15 mil. "Estamos fazendo uma estimativa de R$  5 bilhões com o pé no chão", declarou o vice-presidente.
Das contas com  valores a partir de R$ 15 mil, a Caixa ainda considera que não optarão pelo  investimento no FI os trabalhadores que estejam comprando casa própria ou tenha  boa parte do saldo aplicado nos fundos mútuos da Petrobras (2000) e da Vale  (2002).
Rendimento
Pelas regras de aplicação do trabalhador no  FI, não há rentabilidade mínima garantida no investimento. A Caixa pondera,  entretanto, que predominam entre os projetos de investimento as obras no setor  elétrico, que são de longo prazo, com risco próximo de zero porque, entre outras  razões, a venda de energia tem compra antecipada.
Além da ampliação do limite  para o trabalhador, os deputados aprovaram mudanças na regra de aplicação do  próprio FGTS no FI. Com a alteração, outros R$ 6 bilhões deverão ser injetados  no fundo de infraestrutura, o que somaria R$ 11 bilhões.
Hoje, o FI conta com  R$ 17 bilhões, sendo que R$ 12 bilhões já estão contratados. Há demanda de  projetos da ordem de R$ 22 bilhões.
 
 