Crise no Emprego: relatório aprovado amplia direitos trabalhistas
Relator recomenda redução da carga de trabalho semanal, restrição de demissões em empresas e a expansão do crédito a micro e pequenas empresas, para gerar novas vagas.
A comissão especial que analisa a repercussão da crise mundial sobre o setor de  serviços e emprego aprovou nesta quarta-feira o parecer do relator, deputado Vicentinho (PT-SP),  que recomendou prioridade para análise de projetos voltados ao tema que já  tramitam há algum tempo na Câmara. 
O objetivo do parlamentar é  possibilitar uma aprovação mais rápida das propostas com sugestões de melhorias,  o que não seria possível se o relatório indicasse novos projetos de lei que  teriam de percorrer todo o caminho de tramitação. 
O texto aprovado pede  a análise de medidas como a redução da carga semanal de trabalho de 44 para 40  horas (PEC 231/95); a restrição de  demissões em empresas tomadoras de crédito de instituições financeiras  controladas pelo Poder Público; a valorização do salário mínimo (Projeto de Lei 1/07); a inibição de  horas extras; e a ratificação da Convenção  158, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe a  demissão sem justa causa.
Vicentinho defende também a expansão do crédito  a micro e pequenas empresas, à indústria da construção civil e ao segmento de  prestação de serviços, como mecanismo para gerar novos empregos e aquecer o  setor terciário. 
Voto em separado
Além do texto original do  relator, o parecer ganhou também o conteúdo de um voto em separado, apresentado  pela deputada Aline Corrêa (PP-SP). Entre os pontos defendidos por ela e  incorporados por Vicentinho, estão a implantação de um grupo de trabalho para  analisar "formas viáveis de desoneração da folha de salários e de criação de um  Simples Trabalhista". 
Aline sugere que seja aprovada uma lei para  regulamentar as terceirizações e também que o Congresso apoie a criação de uma  Câmara de Conciliação, para funcionar como uma comissão tripartite em questões  envolvendo trabalhadores. "Queremos que esses temas sejam debatidos sem  estardalhaço, com cuidado e sem engessar ainda mais a nossa legislação",  esclareceu.
Para desonerar a folha de pagamento das empresas, ela  recomenda que sejam reduzidos ou interrompidos os repasses das empresas para o  Incra e o Sistema S (Sesc, Sesi, Senac, Sebrae e outras instituições), e  temporariamente também para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e para  o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Vicentinho e Aline  Corrêa não concordam em dois pontos: a forma de valorização do salário mínimo e  a redução da jornada de trabalho. Vicentinho defende que a redução da jornada  não seja implantada com redução dos salários. Aline Corrêa sugere redução de até  25% da carga horária com redução proporcional no valor das remunerações.  
Proposta unificada
O texto enviado à Mesa da Câmara reunirá as  duas versões. "Ouvimos empresários e trabalhadores, técnicos e especialistas.  Podemos chegar a um bom acordo. Vamos incorporar as posições do voto da deputada  e sair daqui com uma proposta unificada", explicou Vicentinho. 
O  deputado Geraldinho (Psol-RS) votou contra o parecer. Ele se queixou que nem  Vicentinho, nem Aline Corrêa incluíram em seus relatórios propostas que  beneficiassem imediatamente os trabalhadores, como o fim do fator previdenciário (3299/08); o Projeto de Lei 4501/01, que assegura ao empregado a  escolha do banco onde o empregador deverá depositar seu salário; e o Projeto de  Lei 4531/08, que dobra o número de  parcelas do seguro-desemprego.
O presidente da comissão, deputado Fábio  Ramalho (PV-MG), comemorou o resultado. "Aprendi muito nos trabalhos desta  comissão e fiquei muito feliz de poder dar essa contribuição para o crescimento  e desenvolvimento do País", disse.
 
 
 