NF-e: Força-tarefa contra a desinformação
Implementação, que deve ser feita por 79 setores até o mês de setembro, ainda provoca resistência em muitos empresários
Marcos Giesteira
 Uma das etapas mais importantes do Sistema Público de Escrituração Digital  (Sped), a implantação da nota fiscal eletrônica (NF-e), está com os dias  contados para entrar em vigor. Até setembro, empresas de 79 setores terão de  trocar o antigo bloco de notas pelo computador nas transações com outras  companhias. Mas isso não quer dizer que todas estejam preparadas para o novo  sistema. • Percebe-se que a amostra da pesquisa se caracteriza por empresas de pequeno  porte com um volume pequeno de documentos fiscais. • Com relação aos custos do projeto, 62% investiram até R$ 10 mil, 22% de R$  11 mil a R$ 30 mil e cerca de 10% entre R$ 30 mil e R$ 100mil. • Quando o assunto é retorno do investimento, os números são muito dispersos.  22% acreditam que o projeto foi só despesa, não haverá retorno. Além disso, 23%  sequer sabem se o projeto se pagará ou não. Por outro lado, 15% afirmam que o  projeto atingirá o ponto de equilíbrio em até seis meses. 10% de seis meses a um  ano e 20% em mais de um ano. • 70% dos entrevistados informaram que a área contábil participou do projeto.  Outras áreas que participaram foram: fiscal (63%), tecnologia (55%),  administrativa (38,5%), diretoria (31%), compras (25%). Em 45% dos casos, houve  envolvimento do próprio dono da empresa. Contudo, apenas em 25% das empresas  ocorreu a contratação de consultoria externa. • Quanto às contingências estruturais, 67% utilizam “no break”. Além disso,  28% têm redundância de links de internet e 20% têm servidores redundantes. • Quanto ao fornecedor, a Serasa ocupa a primeira posição com 47%, seguido  pela Certisign com 27%. Em seguida temos:
Apesar do aviso feito com antecedência, o processo ainda provoca  resistência e receio em alguns empresários mesmo com a grande quantidade de  informações fornecidas pelo governo. A contadora Roberta Salvini acredita que as  maiores dificuldades enfrentadas são a quebra de um paradigma e a utilização de  um novo sistema de emissão de notas fiscais. 
As empresas que já utilizam  emissão por processamento de dados tendem a apresentar menos dificuldades pois  já estão habituadas à utilização de um sistema. Mas, para empresas que emitem os  documentos manualmente, o principal desafio está na sistematização e utilização  de ferramentas de TI para o processo. “Da mesma forma, muitos municípios de  nosso Estado não têm acesso à internet, o que dificulta a implantação e  utilização da ferramenta. É uma nova forma de trabalho que gera mudanças nos  processos.”
Para o coordenador do Grupo de Estudos em TI do Conselho  Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRC-RS) e consultor para os  processos de Implantação de NF-e, Ricardo Kerkhoff, o modelo adotado pelo Estado  é extremamente simplificado e possibilita a imediata disponibilidade do sistema  de NF-e para qualquer empresa. Ele critica a acomodação de alguns empresários -  que insistem em permanecer em uma metodologia arcaica e inadequada de gestão da  empresa - e agora, além dos procedimentos específicos para a implantação de  sistemas e o aprendizado da tecnologia, precisam se adequar a rotinas que exigem  conhecimento de uso de internet e gestão de arquivos digitais. “A maioria das  dificuldades que as empresas enfrentam é resultante de escolhas malfeitas  durante os processos de gestão da informação, principal mercadoria do nosso  tempo”, diz. 
Mesmo atuando na área de tecnologia, a empresa Aucon  Automação e Controle Ltda, de Porto Alegre, precisou deslocar um programador  para desenvolver um software específico e realizar o processo de transição para  o modelo de notas fiscais eletrônicas. Fabricante de equipamentos de automação e  controle para acesso de estacionamentos e garagens, a empresa iniciou a etapa de  implantação de NF-e há um ano. 
O desafio maior foi adequar o sistema de  controle de compras, produção e estoque da firma ao novo formato de emissão de  notas do governo estadual e federal. Essas etapas já eram informatizadas, mas as  notas eram preenchidas de maneira manual. “Colocamos um técnico de alto nível  por cerca de três meses em cima disso. O investimento é alto e representa um  custo significativo, ainda mais para empresas que precisam contratar  profissionais externos para realizar essa substituição”, avalia o diretor,  Francisco Nora.
Para ele, o sistema permitirá um controle fiscal mais  rigoroso com a fiscalização da Receita. Outras vantagens apontadas são a  agilidade e a redução de erros nos documentos. “O maior beneficiado será o  governo, que terá um amplo controle das empresas. Praticamente, ele vai fazer a  tua contabilidade. A questão é como atingir as empresas informais.”
Investimento para o futuro
Os  custos variam bastante e são condizentes com o tipo de aplicativo que a empresa  adquirir. O investimento mínimo é o da aquisição do certificado digital,  necessário para a utilização de qualquer programa emissor, que pode variar entre  R$ 90,00 e R$ 2,5 mil. Já o programa emissor, o próprio Ministério da Fazenda  disponibiliza aos usuários com pequena quantidade de notas preenchidas. As  empresas maiores têm disponíveis no mercado sistemas que agregam outros recursos  a valores considerados médios em curto prazo, mas totalmente recuperáveis no  futuro. 
Segundo o contador Marcus Pias dos Santos, o volume de  investimento é relativamente baixo, entre R$ 10 mil e R$ 30 mil na grande  maioria dos casos, porém em algumas empresas de maior porte, os custos do  projeto giram entre R$ 100 mil e R$ 300 mil. “Quanto ao retorno do investimento,  a grande maioria das empresas acredita que não haverá retorno ou sequer sabe se  o projeto se pagará ou não. Por outro lado, 35% afirmam que atingirão o ponto de  equilíbrio de seis meses a um ano”, revela.
Pesquisa sobre companhias emissoras de  NF-e
1. Perfil das Empresas
• Cerca de 55% das empresas  entrevistadas emitem menos do que 500 notas fiscais por mês, 55% faturam até  R$10 milhões por ano, 52% não têm filiais, sendo que 83% emitem ou emitirão NF-e  por se enquadrarem na obrigatoriedade legal.
2.  O Projeto de  Implantação
• 80% das empresas concluíram seus projetos em até três  meses. Apenas 17% dos projetos tiveram duração entre quatro e seis  meses.
3.  Contingências
• O Formulário de Segurança (FS ou FS-DA) é o principal  mecanismo de contingência oficial utilizado pelas empresas com quase 89% das  respostas.
•  Quase 20% das empresas utilizam o sofware gratuito da Sefaz/SP como segunda  opção de sistema emissor.
4. Certificados Digitais
• 62% dos  pesquisados adquiriram e-CNPJ tipo A1 para assinar seus documentos eletrônicos,  sendo que 24% preferiram o e-CNPJ tipo A3 em cartão e 12% em token. Menos de 10%  optaram pelos certificados específicos para emissão de NF-e (e-PJ).
5. Fornecedor de Software
• Percebe-se  uma grande dispersão nos números, de forma que não é possível identificar nenhum  fornecedor como predominante, conforme  abaixo:
Mastermaq..........14%
Sofware próprio..........    9%
Software  gratuito Sefaz/SP.......... 9%
TOTVS..........9%
SAP  ..........3%
Outros..........56%
Essa questão foi aberta, de forma a não  limitar nenhuma resposta.
5. Como as empresas detectaram a  obrigatoriedade
• O contador e a Secretaria de Fazenda são os principais  responsáveis pela divulgação das informações sobre a obrigatoriedade, conforme  abaixo:
Contador..........49%
Secretaria de  Fazenda..........26%
Site..........9%
Consultoria  Fiscal..........4%
Cliente..........3%
Revista..........3%
Essa questão  foi aberta, de forma a não limitar nenhuma resposta.
6.  Futuros  Projetos
• Sped Contábil, Sped Fiscal e implantação de ERP estão nos  planos de curto prazo da maior parte das empresas, com 66%, 54% e 49%,  respectivamente.
Implantação de software  fiscal..........20%
Implantação de Nota Fiscal Eletrônica de  Serviços..........17%
Planejamento Tributário..........17%
Auditoria  Contábil..........13,5%
Adequação aos padrões internacionais de  contabilidade..........12%
Gerencimento de documentos  eletrônicos..........11%
Investimentos em segurança da  informação..........11%
Auditoria eletrônica    7%
 
 