O sucesso de uma empresa começa na escolha do nome
Um nome nunca é apenas um nome
Decidir como o empreendimento vai se chamar é fundamental para o futuro do negócio. A marca escolhida deve ser simples, ter identificação com o produto ou serviço oferecido e pode chegar a valer mais do que a própria companhia.
Um nome nunca é apenas um nome. Para uma  empresa, por exemplo, além de funcionar como uma apresentação do negócio  e uma conexão com seus consumidores, ele ainda pode se tornar um ativo  importante da companhia - se a empresa fizer sucesso, o nome valerá mais  do que todo o restante. Um estudo da consultoria Interbrand, referência  internacional no ramo, afirma que a marca chega a responder por até 70%  do valor da empresa em uma fusão ou aquisição. 
Quem se  aventurasse a comprar a marca Coca-Cola hoje, por exemplo, pagaria nada  menos que US$ 67 bilhões e não levaria para casa nenhuma fábrica, nenhum  caminhão, nenhuma latinha do refrigerante. Apenas o nome. Por isso,  quem está abrindo um negócio agora deve se dedicar na escolha do nome da  nova empresa e registrar a marca o mais rápido possível.
“Definir  qual é o nome do negócio já é algo complicadíssimo. Registrar a marca é  mais difícil ainda”, atesta o consultor José Roberto Martins, da Global  Brands, um dos principais especialistas no assunto. “Mas é preciso se  empenhar nesses dois processos para garantir que a empresa já nasça da  maneira correta. Até porque, caso isso não seja feito e o negócio dê  certo lá na frente, o empreendedor nem sequer será dono da empresa que  ele construiu.”
A dificuldade a que Martins se refere não está  propriamente na burocracia do registro da marca, mas sim no fato de que  os bons nomes já foram praticamente todos usados. O Instituto Nacional  de Propriedade Industrial (INPI) recebe cerca de 100 mil registros de  marcas por ano, sendo que seu banco de dados já conta com mais de 1,5  milhão de nomes de empresas. Para efeito de comparação, um dicionário  comum não tem mais de 400 mil palavras.
Mas isso não deve ser  motivo de desânimo, e sim um desafio à criatividade. E nem é preciso  inventar tanto. “Uma boa marca deve ser um nome óbvio, uma palavra que  remeta diretamente ao negócio, que seja simples de dizer e fácil de  gravar”, resume José Carmo de Oliveira, consultor de marketing do  Sebrae-SP.
Questão estratégica
O passo anterior à  escolha do nome, portanto, deve ser a elaboração da estratégia do  negócio. “Quando o empreendedor tiver clareza do público-alvo e dos  diferenciais da sua empresa, saberá qual será o posicionamento do  negócio no setor em que ele vai atuar”, explica Beth Furtado, consultora  de marketing. “A partir daí, ficará mais fácil visualizar como a  empresa pretende se apresentar ao mercado e, por consequência, qual nome  ela quer adotar”, receita Beth.
Uma técnica que pode ajudar na  escolha da marca é listar os atributos da empresa e os produtos ou  serviços que ela vai vender. Isso pode servir de inspiração. 
Também  é importante que o nome soe bem para o próprio empreendedor. “De nada  adianta ter uma ótima ideia se o empresário não for conquistado por ela.  Ao selecionar o nome de sua empresa, o empreendedor praticamente estará  se rebatizando, porque aquela marca vai se tornar seu novo sobrenome”,  diz Karen Kanaan, diretora da Endeavor, organização não-governamental  especializada em empreendedorismo. 
Que o diga a empresária Sula  Furini, de 41 anos. Quando ela comprou, em 1985, a escola infantil que  dirige até hoje, o negócio já se chamava Pipoquinha. No início, ela  cogitou rebatizá-lo. Mas desistiu depois de simpatizar com a história do  nome.
“A antiga dona queria fazer da escolinha um ambiente  simpático, divertido e aconchegante para as crianças. Daí pensou numa  decoração com elementos do circo”, conta Sula. “Por acaso, na cidade em  que ela nasceu, tinha um palhaço famoso que se chamava Pipoquinha. Foi  assim que ela teve a ideia.” Hoje, Sula adora o nome. E garante que as  crianças e os pais dos alunos também. “Traduz exatamente o nosso  espírito.” Prova disso, é que a marca já virou até apelido para ela.  “Quando os pais ou professoras ligam aqui, eles pedem para falar com a  ‘pipocona’, que sou eu.”
 
 